#JovensTransformadores: Vídeos do "Historiar-te" engajam estudantes e professores de todo país

Iniciativa de Juliana Pinho Muller democratiza o acesso ao conhecimento sobre História e política global por meio de vídeos animados, como forma inclusiva de aprender sobre o passado e compreender o presente.
Juliana Pinho Muller
Fonte: Arquivo Pessoal

Consciente de seus privilégios e percebendo as extremas desigualdades que assolam o país, especialmente a violência urbana e a falta de oportunidades educacionais, Juliana e mais cinco amigas fundaram o projeto Além dos Muros e engajaram mais de 100 jovens de grande parte das escolas de Macaé.

Além de encontros, debates e outras trocas para incentivar os jovens a conhecerem outras realidades, o projeto também realizava visitas a instituições sociais da cidade e organizava coletas de doações. O objetivo era promover a empatia e incentivar o protagonismo juvenil.

Em 2018, Juliana se mudou para Israel, onde cursa o Ensino Médio como bolsista na escola-internato Eastern Mediterranean International School, que tem como missão discutir e promover os caminhos para a paz no Oriente Médio. Com sua mudança e o afastamento de outras líderes, o projeto foi perdendo força, mas logo o desejo de mudança de Juliana fez nascer um novo projeto: o HISTORIAR-TE, no qual produz e difunde vídeos educacionais que problematizam questões globais com enfoque histórico.

Com animações em desenho digital e uma linguagem jovem e acessível, os vídeos chamam atenção e engajam estudantes e professores de várias partes do país, especialmente no contexto da pandemia e do ensino à distância. O canal no YouTube já tem mais de 100 mil seguidores e quase 4 milhões de visualizações.

Juliana conta com a ajuda de três professores de História que se voluntariam para ajudar no roteiro. Ela vislumbra um crescimento da equipe já que recebe muitos pedidos de vídeos assim como mensagens de pessoas querendo colaborar. Em seus sonhos para o futuro, ela pretende continuar o ativismo na pauta de uma educação de qualidade para todos. E, ainda quer mostrar que o mundo tem portas abertas, mesmo pra quem está em uma cidade pequena e tem poucos recursos.

A poucos meses da conclusão de seu curso em Israel, Juliana, que hoje tem 19 anos, está produzindo um novo vídeo sobre o conflito entre Israel e Palestina. Ela quer mostrar o contexto histórico numa linguagem acessível aos jovens brasileiros de forma a explicar as possibilidades para se atingir a convivência política e religiosa pacífica. 

“Este é um lugar com tanta carga histórica, que me fez ter maior cuidado com meus vídeos; ter responsabilidade com minhas narrativas porque as narrativas se alastram, ganham vida própria”, disse Juliana para a equipe da Ashoka. 

Vivo me perguntando como podemos frear o discurso de ódio? Vivo com pessoas que são vítimas do discurso de ódio dos anos 1930 e 1940: do Holocausto, de genocídios e levantes antidemocráticos. Histórias humanas que tenho oportunidade de ouvir das bocas de meus amigos. Tenho responsabilidade de impedir que isso aconteça no Brasil.