7 dicas de leitura para o Dia Internacional das Juventudes

Jovens Transformadores Ashoka falam sobre os livros que os inspiraram a promover mudanças positivas na sociedade 

Jovem Transformador Ashoka Raislúcio (Garoto branco de cabelos curtos, lisos e castanhos usando óculos) segurando exemplar do livro Quarto de Despejo

Neste 12 de agosto é comemorado o Dia Internacional das Juventudes, data para dar visibilidade aos desafios enfrentados por jovens de todo o mundo, assim como reconhecer e celebrar seu papel de promover ações transformadoras pelo bem comum.

Desde 2019, cultivamos no Brasil uma comunidade de Jovens Transformadores Ashoka, que identificaram problemas sociais em suas comunidades, formaram uma equipe para solucioná-los e estão inspirando outros jovens a se engajarem em um movimento para que todas as pessoas se percebam como agentes de transformação.

Ao longo de suas jornadas, alguns livros foram importantes para acessar novas realidades, compreender as desigualdades sociais do país e aprofundar seu autoconhecimento. Essas obras foram importantes para construir suas identidades como jovens transformadores e os/as motivaram a agir por uma sociedade mais igualitária, justa e sustentável.

Confira os livros que inspiraram alguns dos Jovens Transformadores Ashoka e como eles contribuíram com sua forma de ver o mundo.
 

1. Pedagogia do oprimido – Paulo Freire 

Capa do livro Pedagogia do Oprimido. Ao fundo, há a foto de Paulo Freire, homem com óculos e barba grisalha. Seu nome aparece em destaque

“A partir desse livro, pude entender melhor dinâmicas de poder e enxergar o mundo para além do que é dado a ver, pois o método pedagógico de Paulo Freire ensina não só a ler e interpretar palavras, mas a entender a realidade em que cada pessoa está inserida. É preciso compreender o contexto em que foi aplicado esse método, quando o voto era proibido aos analfabetos, pois a alfabetização significaria não só o início de um processo de educação regular, mas também a possibilidade de participação política para que os marginalizados intervissem nos espaços de poder. Enquanto jovem transformadora, entender que a educação não está isolada das outras dinâmicas sociais e que o diálogo pode ser uma ferramenta de libertação foi essencial para a minha jornada de mobilização de juventudes no território onde vivo.” - Heloíse

 

2. Quarto de despejo – Carolina Maria de Jesus 

Capa do livro Quarto de Despejo

“Carolina Maria de Jesus, em seu diário intitulado “Quarto de Despejo”, relata sua realidade marcada pela miséria e a violência, que vivenciou com seus três filhos na favela do Canindé na década de 1950. Apesar do pouco letramento, sempre que possível, Carolina dedicava seu tempo à escrita, que, sob minha ótica, simbolizava seu lazer e sua forma de resistência. É marcante essa representação, em um sistema que tudo fez pelo seu apagamento e sua incapacidade de reflexão, repito: ela resistiu. E mais, implorou pela luta e a esperança das próximas gerações em prol de um futuro melhor. Diante do cruel contexto de vida relatado no livro, foi impossível terminar a leitura e logo não pensar em maneiras que, ao menos minimamente, não contribuíssem pela melhoria da qualidade de vida das populações hipossuficientes. Hoje, minha atuação como Jovem Transformador, atendendo o pedido de Carolina, é voltada à democratização da educação e ao acesso a literatura para jovens de baixa renda.” - Raislúcio

 

3. A Parábola do Semeador – Octavia Butler 

Capa do livro A parábola do semeador

“Os livros da Octavia me levam a refletir sobre questões civilizatórias (medidas por gênero, raça e classe) que são atemporais e que precisam ser lidadas no presente. Justamente para evitarmos futuros como os que ela descreve, distópicos e que repliquem os nossos erros do passado. Ela trabalha com a ficção científica de modo único e que remexe com nossos sonhos sociais.” - Midria

 

4. Capitães da Areia – Jorge Amado 

Capa do livro Capitães da Areia

“Quando li o livro, me identifiquei muito com ele, pois você consegue sentir as questões ocorridas como se estivesse dentro dele. O livro conta a história de jovens e crianças que vivem em situações de rua, marginalizados pela sociedade, e desde jovens têm que se tornar adultos para sobreviver no local onde moram, passando assim por diversos problemas e sobrevivendo por meio de furtos. O livro fala sobre o abandono infantil e as injustiças sociais que esses jovens sofrem. Lendo um livro desses que trata de jovens e crianças que estão em estado de vulnerabilidade você consegue ter outra visão de vida, e consegue perceber que tem que fazer a sua parte para transformar o mundo, o que me inspirou a ser um jovem transformador, um dos motivos de meu projeto ser focado em jovens e adolescentes.” - Samuel J.

“Li Capitães da Areia na época do vestibular, e ele me levou a uma sensação profunda de indignação e vontade de mudança. Os meninos descritos ali vivem pelo Brasil até hoje e o que a história nos traz é um retrato com subjetividade e delicadeza, de ouvir esses meninos tantas vezes silenciados.” - Midria 

 

5. Cartas para minha avó - Djamila Ribeiro

Capa do livro Cartas para minha avó

Ganhei esse livro de presente da minha mãe, e ele alimentou as minhas reflexões e lembranças sobre a força das mulheres e da ancestralidade, o quanto as mulheres das gerações passadas abriram caminhos para que eu e outras jovens pudéssemos ter as oportunidades do estudo, do trabalho e da dignidade. Foi um dos livros mais emocionantes que já li!” - Mariana Nunes

 

6. Conversas sobre política - Rubem Alves 

Capa do livro Conversas sobre política

"No livro, Rubem Alves traz por meio de metáforas as noções da política, sobretudo a política brasileira, e ele me trouxe a inquietação de que nós também somos agentes políticos e temos o poder de agir para tornar o mundo um lugar melhor. Essa visão me fez querer levar a consciência aos meus, de que podemos sim fazer e construir mudança. Fizemos uma leitura e discussão da obra e, a partir disso, resolvemos nos mobilizar para construir o projeto Biblioteca Gurupá, que incentiva a leitura, o conhecimento e desperta, principalmente entre jovens, o interesse pelas causas políticas. Através das páginas de seu livro, Rubem Alves nos provocou a ser e fazer acontecer." - Rian Santos

 

7. A hora de estrela – Clarice Lispector 

Capa do livro A hora da estrela

“Li esse livro ano passado, quando ainda estava no Ensino Médio. Naquele momento, ele foi uma forma de refletir sobre a minha pessoa de uma forma bem pensativa e social, pois o livro tem vários recortes. Clarice fala sobre temáticas de classe, gênero e localidade de uma forma muito sutil, e eu pude refletir sobre minha identidade a partir disso. A poesia também está bastante presente na escrita de Clarice, o que permite você sentir. Então, acredito que é um livro que te faz pensar e te faz sentir, e recomendo leituras coletivas dele, pois ele é bem profundo.” - Gabriela M.

 

Dica extra: Mudar o mundo é a nova alfabetização - Jovens Transformadores Ashoka 

Capa do livro Mudar o mundo é a nova alfabetização

Escrito por 23 Jovens Transformadores pela Ashoka, o livro fornece um roteiro para valorizar a prática da empatia e despertar a agência de transformação em crianças e adolescentes. O livro foi idealizado por Marcelo Borges, com o propósito de inspirar outros jovens a criarem mudanças positivas no mundo que os cerca e, assim, contribuir com a propagação do movimento Um Mundo de Pessoas que TransformamLeia o livro gratuitamente aqui.