Jeroo Billimoria: um movimento global que começou com pequena ideia na adolescência

Empreendedora social reconhecida por articular grandes parcerias globais, Jeroo Bilmoria iniciou seu trabalho com crianças de rua em Mumbai. Depois de distribuir o número de seu telefone para que elas ligassem em caso de emergências, o aparelho começou a tocar todas as noites.

Desse ato de carinho, e da identificação de uma necessidade sistêmica, nasceu o Childline. Qualquer criança de rua poderia ligar para um número gratuito e ser atendida por outra criança de rua, treinada e solidária. E assim, em breve, a ajuda estaria a caminho.

As consequências foram profundas. Serviços poderiam ser oferecidos a quem precisasse. Desempenhos bons e ruins ficaram evidentes. Áreas de carência ganharam recursos. E a exploração policial despencou, porque uma ligação para um operador solidário, localizado a um quarteirão de distância, a respeito do que certo policial estava fazendo a um amigo, começou rapidamente a trazer problemas para este mesmo policial.

O serviço gratuito Childline rapidamente se espalhou por mais de 50 cidades da Índia. E depois, para 143 países.

Mais recentemente, Jeroo se concentrou em ajudar os jovens a entender e ter acesso a serviços financeiros. Isso faz uma diferença enorme tanto para sua  segurança quanto para seu futuro. Esse trabalho está inserido no projeto Childfinance International, outra extraordinária parceria global que, no final de 2014, já hava baneficiado 36 milhoes de crianças e jovens.

O que levou Jeroo a ser mais do que apenas uma boa profissional, como tantos outros ao seu redor? Foi porque, há tempos, ela sabia ter um poder muito maior. Quando tinha 11 anos, ela organizou todas as empregadas domésticas no seu quarteirão para que abrissem contas bancárias. Ela remonta seu interesse em educação e acesso financeiro a essa iniciativa.

Ela se envolveu completamente com empreendedorismo social aos 16 anos. Sua mãe, então uma assistente social em escolas para membros mais pobres da comunidade Parsi, focava seu trabalho em problemas familiares e outros assuntos não relacionados à escola. Jeroo achou que isso era um erro. Como mais da metade dos jovens dessas famílias abandonavam a escola porque falhavam em matemática ou inglês, ela achou que era para aí que a energia deveria ser direcionada.

Sua mãe, que foi fundamental para ajudar Jeroo a se tornar uma empreendedora, pediu então que a filha definisse como pretendia ir alcançar seus objetivos, e a apresentou para docentes do Instituto Tata. Quando Jeroo perguntou a eles como melhorar o ensino de Inglês e Matemática, vários docentes sugeriram que ela fosse falar com a Gloria de Souza, que estava acabando de apresentar o programa ¨educação ambiental¨, uma alternativa para memorização de conteúdos didáticos baseada na solução de problemas no mundo real. Jeroo encontrou Gloria e elas formaram uma parceria. Jeroo convenceu os diretores das escolas Parsi a adotar essa nova abordagem, enquanto sua mãe continuava a encorajá-la, sem assumir a posição principal. Gloria treinou Jeroo e elas trabalharam juntas na implementação. Gloria foi a primeira Fellow da Ashoka.